O Indivíduo e o (des)envolvimento


Sempre dedico um tempo para minhas leituras. Na verdade sou uma viciada por boa leitura. Certa vez, acolhendo a indicação de uma querida amiga sobre a leitura de um livro chamado Ami, o menino das estrelas de Enrique Barrios, pude ler a seguinte frase:
“Quando o nível de tecnologia de uma civilização superar o nível de amor, esta civilização se autodestruirá.”
Confesso que durante alguns dias essa frase me levou a inúmeros questionamentos sobre a evolução tecnológica no planeta e sua velocidade galopante, trazendo consequentemente evidencias sobre as constantes mudanças em  nossas vidas. E, lá fui eu buscar conclusões...

Conclusão 1: Elas, as mudanças, vêm pra ficar e se impõem como algo inevitável e nos obrigam a responder a algumas difíceis questões sobre como sobreviver a essa avalanche de transformações que nos são solicitadas diariamente, sobre as possibilidades em NÃO sermos soterrados por elas e sobre as possibilidades de planejamento das mudanças.
O que eu jamais pensei em concluir é que somente nos resta correr atrás das conseqüências advindas das mudanças, ou deixar-se dominar pela impotência.
Na ocasião deste ‘toró’ de questionamentos, também me peguei pensando: E para as empresas? Como será?
Para as empresas NÃO é diferente. Elas também são ORGANISMOS VIVOS dotadas de vida assim como nós!
Conclusão 2: Só pode ser assim que se dá a importância do indivíduo nas transformações e acreditar tanto em LIDERANÇA quanto em ESPIRITUALIDADE.

Essa conclusão foi um passo para pensar na importância da:
·    LIDERANÇA na perspectiva da organização como vital na determinação do comportamento individual e de grupo, mesmo porque ela é sentida ao longo de toda a organização. É ela quem dá o ritmo e a energia ao trabalho e transfere poder à força de trabalho

·    ESPIRITUALIDADE compreendida na abstração do sentido místico (radical da palavra mistério), ou seja, aquilo que NÃO vemos, mas que INTUÍMOS existir, ou seja, aquilo que todas as tradições e culturas respeitam como SAGRADO (elementos comuns como amor, respeito à vida, livre-arbítrio, verdade, bondade, beleza, liberdade, igualdade, fraternidade, integração, etc.).
Para minha não surpresa como buscadora, fui espreitar novas fontes de pesquisas a fim de preencher a inquietude que ainda sondava meus pensamentos e encontrei os autores Jair Mocci& Daniel Burkhard que acrescentam o conceito de visão espiritual do EU, lembrando que as pessoas se diferenciam pelas mudanças e, ao mesmo tempo, precisam conservar a si mesmas como individualidades únicas. Junto a esse conceito enfatizam que as fases de mudança são cercadas pelo fenômeno da crise, e nessa dimensão em que vivemos, a crise definitiva (para o indivíduo) é a morte, que pode ocorrer em qualquer etapa da vida.
 Congruente a isso, as empresas também possuem um ‘EU’, uma identidade que se manifesta no mundo material através das realizações das pessoas que a ela dedicam sua energia. Quando um grupo de pessoas se junta com algum objetivo em comum, se dedicando a um objeto imaterial (idéia), acabam gerando uma cultura, um ambiente ou um ESPÍRITO (daí a origem do tema ‘espírito de equipe’).

Sendo assim, este EU que denominamos EMPRESA também passa por crises de mudança e corre os mesmos riscos de morte, porém, por serem entidades diferentes no sentido físico-orgânico (nasceu através de uma idéia) se percebidas e tratadas de forma adequada, podem fazer com que ela (empresa) aprenda, se DESENVOLVA e transcenda no tempo, como Entidade coletiva.
Pois é, novos questionamentos apareceram, ou seja, se ninguém muda ninguém e ninguém muda sozinho, com quem podemos contar nestes períodos de crise e possíveis mortes.
Chegamos à valiosa contribuição de Roberto Crema e Espinosa: Nós mudamos em nossos encontros (bons encontros). Simples, mas profundo, preciso. É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimento do outro.
Sem o contato humano presente nos relacionamentos, a vida seria monótona, árida. A observação mais importante é constatar que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato. Passar pela vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar, NÃO SE DESENVOLVER!

Sim, DESENVOLVIMENTO! Todas as mudanças nos chegam com um único e valioso propósito que é o de sairmos do envolvimento protegidos de nossos casulos e nos desenvolvermos, nos liberar de velhas crenças e nos permitir entrar em contatos com as mais diversas emoções.

Assim nasce o meu principal conceito de trabalho: Auxiliar no desenvolvimento de consciências competentes para as mudanças que virão.

Agora, como boa caçadora de bons livros, só me compete encerrar este pequeno texto com mais uma rica contribuição de Vera Tanka:

"O Poder de ser quem se é está dentro de cada um de nós. Quando essa Força é despertada de forma adequada dentro de uma Cerimônia conduzida por alguém que possui essa Medicina, o acordar é a conseqüência natural.
O passo seguinte é o comprometimento da própria pessoa com esse despertar.
O que quero ser quando crescer? E o crescimento se dá diariamente.“

A isso eu chamo (DES)ENVOLVIMENTO...

Por Luciana S Zanon (2010

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